A gamela foi, há muitos anos atrás, o alguidar das nossas ascendentes longínquas. Feita em madeira de castanho, ainda em verde, por mãos de mestres, tinha uma diversidade de finalidades: lavar as louças; amassar a broa – o pão; migar as couves, que eram envoltas em farinha de milho, para alimento das galinhas; amassar os Coscoréis; fazer a “migadura” para o “caldo” (sopa de todas as refeições).

Uma grande gamela, permitia com a madeira saída do côncavo, fazer “filhas” e “netas”, gamelas de pequenas dimensões que terminavam na escudela, com que na adega se provava o vinho, se comia a sopa ou se tendia a broa.

Nos nossos tempos foi substituída pelo alguidar de plástico.

O gameleiro utiliza na sua feitura, o compasso, a machada e a enxó.

Com o compasso traça duas circunferências no veio da madeira, correspondentes à parte interior e exterior da gamela. Pelo traço interior, e com a machada “descava” o côncavo da gamela.

O lado interno da gamela era aperfeiçoado com a enxó de gume curvo e o fundo acabado com a enxó de gume direito.

O lado exterior – “ourela” – era acabado com a enxó plana e o fundo exterior, acabado, com a enxó de gume direito.

Os toros do castanheiro devem ser rachados no sentido longitudinal do tronco, pelo “vento” – fissura ou “veio”, ao centro e a todo o comprimento do tronco da árvore, permitindo que as gamelas depois de feitas, e ao uso, não rachariam.

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